A racionalidade prática do professor é elemento constitutivo de sua cultura profissional.


Por quê o Computador na Educação?

03/12/2010 17:52

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Por quê o Computador na Educação

 

José Armando Valente

 

Introdução

 

Foi dito no capítulo anterior que o computador está propiciando uma verdadeira revolução no

processo de ensino-aprendizagem. Uma das razões dessa revolução é o fato de ele ser capaz

de ensinar. Entretanto, o que transparece, é que a entrada dos computadores na educação tem

criado mais controvérsias e confusões do que auxiliado a resolução dos problemas da

educação. Por exemplo, o advento do computador na educação provocou o questionamento

dos métodos e da prática educacional. Também provocou insegurança em alguns professores

menos informados que receiam e refutam o uso do computador na sala de aula. Entre outras

coisas, esses professores pensam que serão substituídos pela máquina. Além disso, o custo

financeiro para implantar e manter laboratórios de computadores exige que os administradores

adicionem alguma verba ao já minguado orçamento da escola. Finalmente, os pais exigem o

uso do computador na escola, já que seus filhos, os futuros membros da sociedade do século

21, devem estar familiarizados com essa tecnologia.

Tendo em mente esse panorama, talvez um pouco exagerado mas, não impossível, as

perguntas mais comuns e naturais que se faz são: que benefícios serão conseguidos com a

introdução do computador na educação? ou, por quê usar o computador na educação? Existe

realmente algum benefício auferido ou é uma questão de modismo?

A posição defendida nesse capítulo é a de que o computador pode provocar uma mudança de

paradigma pedagógico. Como foi discutido no capítulo anterior, existem diferentes maneiras de

usar o computador na educação. Uma maneira é informatizando os métodos tradicionais de

instrução. Do ponto de vista pedagógico, esse seria o paradigma instrucionista. No entanto, o

computador pode enriquecer ambientes de aprendizagem onde o aluno, interagindo com os

objetos desse ambiente, tem chance de construir o seu conhecimento. Nesse caso, o

conhecimento não é passado para o aluno. O aluno não é mais instruído, ensinado, mas é o

construtor do seu próprio conhecimento. Esse é o paradigma construcionista onde a ênfase

está na aprendizagem ao invés de estar no ensino; na construção do conhecimento e não na

instrução.

Entretanto, a questão ainda é: como e por quê o computador pode provocar a mudança do

instrucionismo para o construcionismo? Será que o computador não está sendo usado como

uma grande panacéia educacional, como tantas outras soluções já adotadas? E tudo não

continuou exatamente como era? Quantas vezes essa mudança pedagógica já não foi

proposta?

 

As Visões Céticas e Otimistas da Informática em Educação

 

A introdução de uma nova tecnologia na sociedade provoca, naturalmente, uma das três

posições: ceticismo, indiferença ou otimismo. A posição dos indiferentes é realmente de

desinteresse ou apatia: eles aguardam a tendência que o curso da tecnologia pode tomar e aí,

então, se definem. Já, as visões cética e otimista, são mais interessantes para serem

discutidas. Elas nos permitem assumir uma posição mais crítica com relação aos novos

avanços tecnológicos. São essa duas visões que serão discutidas a seguir.

A Visão Cética

Os argumentos dos céticos assumem diversas formas. Um argumento bastante comum é a

pobreza do nosso sistema educacional: a escola não tem carteiras, não tem giz, não tem

merenda e o professor ganha uma miséria. Nessa pobreza, como falar em computador?

De fato a escola e o sistema educacional não têm recebido a atenção que merecem, não têm

recebido recursos financeiros e se encontram paupérrimos. No entanto, melhorar somente os

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